terça-feira, 25 de março de 2008
SUSPIRO DE ÉBANO
a lua ilumina minha carne selvagem
que uiva de dor e, tu, me alivias.
és minha gota de chuva e me inundas
[água sobre lágrimas]
me lavas mais que um milagre,
e eu te amo
: afoga-me de ti
a própria razão pode levar a um impasse
e, perdoa, se me demoro: anda tapado
de pensares, o meu açude.
ponto negro na encruzilhada, sou suspiro
de ébano a dizer pedaços do teu nome,
pela madrugada
mas não saber o que fazer é prosseguir
e eu quero sair da beira da brancura,
ser onda de fogo a sobrevoar o lodo,
jogar capoeira e ficar de pé.
sim, sou guerreira - ar, terra, pedra -,
mas sou mulher
junto destroços de palavras, arranho
meu ser estático e impactado
[com os cacos]
até abri-lo e deixar-me entornar
inteira
escrita de mar.
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